segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Futebol Português – Novo modelo competitivo

É mais do que óbvio que o futebol português atravessa graves dificuldades financeiras, tendo por isso o seu futuro verdadeiramente ameaçado.

Na origem destes problemas financeiros está a baixíssima capacidade de produzir receitas, de vender eficazmente o produto futebol.

O que acontece hoje em dia é que só 6 ou 7 das 16 equipas do escalão principal é que apresentam saúde financeira minimamente aceitável.

Todas as restantes serão uma vítima da inércia destruidora e insustentável a que o futebol português está votado.

Isto é, se a conjuntura se mantiver, e irá manter-se se nenhuma intervenção de fundo se realizar, estes clubes terão que fechar a porta.

É uma inevitabilidade.

Portanto, eu acho fundamental reformar o modelo competitivo.

Temos de obrigatoriamente de operar uma redução do numero de clubes.

Entendo não haver condições para ter mais do que 10 clubes em Portugal.

Esta reformulação da estrutura competitiva permitiria fortalecer a robustez financeira dos clubes já anteriormente viáveis, bem como seria um jackpot para aqueles clubes que mais cedo ou mais tarde encerrariam, dando-lhes assim oportunidade de finalmente atingirem patamares de estabilidade financeira bastante tranquilos.

Porque o que realmente interessa é existirem mais jogos entre os grandes, mais jogos entre boas equipas, mais jogos com bons jogadores que assegurem de antemão um espectáculo de qualidade.

E o que não interessa, apesar de esta afirmação ser politicamente incorrecta, é jogos entre a académica-naval, entre o Setúbal e o Leixões, e por ai adiante. E digo isto porque já vi estes jogos várias vezes e a qualidade dos intervenientes é tão irritante, que não só não atraem ninguém, como afastam do futebol aqueles que antes iam. Nem com bilhetes à borla estes jogos merecem a deslocação ao estádio. Esta é a mais pura das verdades.

O que eu quero é que estas equipas joguem mais vezes com equipas boas e aumentem as receitas para poderem investir no seu plantel e terem também um produto próprio de qualidade para apresentar nos relvados.

A crítica de que já temos poucos jogos e a redução de clubes agudizaria ainda mais a questão não é aceitável, uma vez que pretendo mais jogos ainda, mas jogos com interesse, isto é, em vez do Benfica e o Porto se defrontarem duas vezes por época , passariam a jogar 3 ou 4 vezes dependendo do esquema competitivo a adoptar, por exemplo playoff.

Outra crítica: a de que isto acabaria com as equipas que tinham que ir para a segunda divisão é, também, absurda porque essas equipas iriam acabar era se continuassem na primeira divisão actual. Não nos podemos esquecer que a maioria das equipas tem salários em atraso e não vejo uma inversão notória e convincente da evolução dos passivos. O que vai passar é que em vez do futebol português ficar reduzido a 7 clubes débeis, ficará com 10 clubes viáveis e robustos.

Só com uma competição interna com elevados padrões de competitividade e qualidade é que conseguiremos impor-nos no futebol europeu, ou por outra, aumentar o ranking português para colocar mais equipas para trazermos mais dinheiro.

Até os contratos publicitários e televisivos teriam um valor redobrado quando renegociados em virtude do maior interesse que os jogos suscitariam traduzido em audiências televisivas consideravelmente superiores.

O caminho é este, o de reduzir o número de clubes. Mas o problema surge quando se pretende efectivar a mudança depois de diagnosticado o problema e encontrada a solução.

O interesseirismo do dirigismo desportivo, acompanhado da incultura e ignorância que lhe é intrínseco, torna a adopção desta reforma completamente impraticável.

Os dirigentes desportivos querem estar no poleiro o máximo de tempo, e para isso precisam de resultados, que passam pela manutenção na primeira divisão, mesmo tendo consciência para onde arrastam o clube. Mas como não lhes interessa o seu clube, mas sim o momento em que lá estão e podem desfrutar, no mais amplo sentido, não poderiam de forma nenhuma aceitar e votar a implementação de medidas que colocariam o seu tacho em risco.

Sinto-me a partir deste momento exonerado de qualquer responsabilidade pelo rumo do futebol português uma vez que o caminho está traçado, faltando somente levá-lo a cabo.

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