segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Quota de renovação parlamentar

Muito se fala de renovação política, muito se fala de renovação de ideias, muito se fala de mudança, mas importa aferir qual o contributo e vontade dos que falsamente a proclamam, nomeadamente a actual classe política, aqueles que têm de sair para libertar espaço.
De facto, as estruturas intermédias e de topo dos partidos são completamente imutáveis, não se registando ascensões de base encaradas como um fenómeno natural e cíclico.
Mas também nos salta à vista que os dirigentes partidários estão esgotados, ultrapassados mas não sabem nem querem ceder o lugar a sangue-novo, reformista e dinâmico.
Não gosto de imposições legislativas, mormente imposições cívico-politicas, mas quando os titulares de cargos públicos não sabem exercer e respeitar os mais elementares princípios de vivência político-democrática, surge aqui a necessidade de instruí-los a “saber estar”, e principalmente, de educá-los a “saber sair”.
Esta proposta que vos apresento, deveria ter sido adoptada logo nos primeiros passos da nossa democracia, de forma a criar hábitos e moldar comportamentos, impor regras de exercício, criar uma cultura de exercício de funções politicas compatível com as regras democráticas.
Acham que são os políticos actuais que nos vão oferecer o futuro que desejamos?
Ninguém acredita neles, ninguém tem esperança neles, mas ninguém pode substitui-los porque eles estão agarrados ao poder.
Daí que proponho, sem a mínima hesitação, a criação de uma quota de renovação partidária em que uma fracção assinalável de deputados teria de ser substituída de legislatura para legislatura, criando assim uma nova vaga que percorreria os partidos cheia de energia, esperança e motivação.
Quando Cavaco Silva questiona o o facto dos jovens não se interessarem pela política, a resposta resume-se a uma palavra: oportunidades.
Os jovens, em primeiro lugar, não têm sentido necessidade de intervir, de se mobilizar, vivendo as suas vidas sem questionar o mundo à sua volta, atitude que poderá vir a sofrer alterações em virtude do agravamento das condições sociais e económicas.
E por outro lado, os poucos jovens, mas suficientes, com vocação e interesse, sentem-se totalmente estrangulados e asfixiados numa hierarquia partidária estanque em que o mérito pouco conta, ao contrário do lambe-botismo.
Que mundo sujo é este, em que as oportunidades a que deveríamos ter acesso para podermos impor as nossas ideias e valor são-nos negadas?
Assume-se portanto de extrema urgência a criação de medidas legislativas que promovam a renovação partidária obrigatória, sendo este um dos mais importantes contributos para essa causa. Mas, em Portugal, os acomodados desviam as atenções para quotas de mulheres, sendo a quota de renovação parlamentar , esta sim, uma proposta que merece ser debatida e pensada a bem da democracia.

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